
Depois de nos embriagarmos
com a beleza da Piazza Duomo – Parma, era necessário parar, pensar e almoçar muito bem, como merecia a ocasião. Um restaurante ali mesmo na praça, entre o tímido e o atraente.Como é comum na Itália, somos atendidos pelo proprietário. A Elisa pede um “Linguine con calamari, bottarga e indivia”. Sou magnetizado por um “Riso mantecato al parmigiano”.
Evidente, desejo uma taça de vinho local para acompanhar. Entre as sugestões, um Nabucco – 2011, vinho com complexidade e aromas ideais para encarar a beleza de um prato com parmigiano em seu próprio território.
Talvez meus olhos tenham virado ao primeiro gole da jóia emiliana. Uma própria peça de arte. No segundo ou terceiro estava em êxtase completo com a harmonização fluente com o prato. Esses momentos se repetiram durante um tempo infinito. Um último naco de pão no prato e então, l’addio.
Segue a missa com o café e então, a conta. Apesar de controlarmos bem tudo o que pedimos, dessa vez me esqueci completamente de conferir a altura do salto da taça, talvez por se tratar de uma sugestão tão detalhada e certeira. Estamos preparados para algum peso a mais na conta, apesar de achar justo pela satisfação com a altíssima qualidade do que degustamos.
Relatamos ao proprietário nossos sentimentos plenos de satisfação. Ele então entrega a conta…e algo estranho. O preço está bem tranquilo e dentro do que costumamos investir quando entramos em um bom restaurante. Sim, faltou o vinho…que ele confere e confirma. Dá um sorriso e diz com elegância tranquila e muito decisiva: “Un altro giorno, forse. Spero per voi.”