De São Jorge para São Petrônio

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Dos 7 títulos brasileiros, este é o primeiro que acompanho totalmente “de fora”. Logo eu que fui no primeiro jogo da história da Arena, uma derrota amarga em um dia chuvoso. Estávamos todos nervosos e ansiosos, desde os torcedores, jogadores e até São Pedro, por consequência. Esta foi uma breve alegria para os fanáticos do time com maior torcida do mundo: os antis. Nada é fácil para o Corinthians, era mais uma história que se iniciava com toques em preto e branco.

 
Em 2015 acompanhei praticamente todos os jogos da campanha do hexa na Arena, finalizando com o acachapante 6×1 no time completo da “Vila Sônia”, e nós com uma equipe toda formada por reservas em plena ressaca. Sabia de certo modo que aquela seria a última temporada que acompanharia com tal intensidade e aquela partida, foi pra fechar com qualquer coisa de inesquecível.
 
Aqui em Bologna, achei que ficaria satisfeito em analisar as tabelas, acompanhar notícias, resultados, essas coisas. Engano. Acabei assistindo todos os confrontos possíveis, mesmo com o fuso horário levando algumas partidas para as altas madrugadas italianas. Eu bem que falava pra Elisa dormir sossegada, mas ela veio junto e acabava fazendo mais barulho do que eu pra comemorar os gols ou tecer algum “elogio” ao juiz.
 
Não havia ruídos de fogos, nem de xingamentos ou comemorações contra ou a favor de quem enfrentava o alvinegro. Éramos nós e a televisão no meio da antiga cidade medieval. Talvez São Petrônio tenha trocado uma ideia com São Jorge, indagando sobre esses loucos fora do bando.
 
De muito longe, vi uma das coisas mais absurdas e impressionantes do esporte. 32 mil torcedores assistirem um treinamento quando a equipe mais precisava de apoio. Era uma das tantas provas e argumentos que esta torcida faz esse time. Ganhando ou perdendo, este negócio de SC Corinthians Paulista é diferente. E hoje, mais diferente ainda, com uma palavra de origem grega que não é muito comum em nosso vocabulário: #hepta.
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vincenzo

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Esse é o Vincenzo. Napolitano gente boníssima! Mora em Bologna faz um ano. Sabe tudo da cidade. É um guia? Não, é um operário que trabalha na restauração da Igreja de San Petronio e fica de olho no fluxo de visitantes e a comunicação com o térreo.

A comunidade aproveitou o vai e vem
das obras e construiu um mirante temporário, com elevador, não tão alto como a Torre degli Asinelli e seus 498 degraus estreitos que devem ser quase que escalados. Mesmo assim, optamos por também subir pelas escadas mais católicas, o equivalente a 12 andares. Fichinha pura perto da torre.

Do alto mais uma bela vista da vermelha Bologna e sua arquitetura medieval. E por ali também conhecemos esse napolitano, uma verdadeira peça de simpatia, que “pedia” aos amigos operários pararem de fazer barulho para podermos conversar mais tranquilamente sobre amenidades. “Felipe, desculpe o incômodo, são operários, não têm modos”. E todos riam. Martelavam em seguida. E logo voltavam com alguma outra.

Nos presenteou com uma peça antiga de metal forjada a mão, que seus amigos tinham acabado de encontrar pelo telhado. Fomos testemunhas do achado “arqueológico”. Disse que era uma “obra de arte”, dessas que não se produzem mais na construção civil. Não, obrigado, imagina…”como podem recusar minha oferta?” Não recusamos então.

Quando um visitante chegava, logo sua língua salivava para poder apontar alguma coisa. Depois que lhe disse que eu era seu ‘Fratelli d’Italia’, a coisa ficou ainda mais solta e interativa com quem aparecesse.

O elevador industrial obriga a comunicação com o térreo. Faz de tudo para que as pessoas voltem de escada. Quem optasse por descer de elevador ganhava um saco de ironias entre os comunicadores, que em qualquer dialeto se fazia entender. Mais um motivo para descermos a pé, evidente.

Disse com humildade que sabia de tanta coisa da cidade porque passa dias e horas no mesmo local, era quase que uma “obrigação”. Comentei que tantas pessoas passam a vida em um mesmo lugar e não esboçam interesse nem no que está na frente do próprio nariz. Ele afirma que não é um conformista. Disse a nós com olhar firme, que se estivesse em cima de uma pedra deserta, trabalharia com a mesma paixão. Isso é o que lhe move. Não duvidamos.

Claro, na foto uma última de Vincenzo. Disse que só subindo na cadeira faria esse registro comigo. Desceu apenas para não tapar a Torre degli Asinelli. Uma figurante, obviamente.

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